Sonho De suspirar em vão já fatigado, Dando trégua a meus males eu dormia; Eis que junto de mim sonhei que via Da Morte o gesto lívido e mirrado: Curva fouce no punho descarnado Sustentava a cruel, e me dizia: < Morre, não penes mais, ó desgraçado!>> Quis ferir-me, e de Amor foi atalhada, Que armado de cruentos passadores Aparece, e lhe diz com voz irada: < Que esta vida infeliz está guardada Para vítima só de meus furores.>> poema B ocage nasceu em Setúbal , em 1756 , filho de um advogado e de uma senhora francesa. A influência poética possivelmente veio do próprio lar: Madame Fiquet du Bocage , uma tia-avó do poeta, era uma poetisa ilustre na época e havia vertido para o português a obra do poeta suíço pré-romântico Gesner. Bocage entrou para a Academia Real dos Guardas-Marinhas, em 1783, entregando-se, mais do que aos estudos, à boêmia literária da Lisboa da época, frequentando botequins, sobretudo o Nicola, do Rossio, ao qual o seu nome ficou pa...